Era uma vez uma menina.
Essa menina ia fazer aniversário e queria uma bailarina.
A bailarina foi feita com todo carinho. Primeiro o corpinho, depois a cabeça, as perninhas no passo de ballet.
Os cabelos que foram pintados com muito amor, cada detalhe, pensado pra ser a bailarina mais linda, que dançaria sobre o bolo na imaginação de quem visse.
Chegou o dia da bailarina seguir viagem, ela estava pronta, imponente. Alguns detalhes precisavam ser acertados. Talvez um apoio para a perninha ter firmeza? Detalhes de última hora que fariam toda a diferença.
Uma semana depois, uma surpresa. Homens maus levaram a bailarina embora, saquearam, roubaram, sem piedade.
Onde foi parar a bailarina? Não sabemos?
Na mente fica a ideia de que foi jogada, em um canto qualquer, suja, abandonada, sem expressão, quebrada, não sabemos.
Mas ainda com a esperança de que alguma menina, sonhadora, dançarina, tenha encontrado, ou tenha ganhado, mesmo que de um homem mau, a linda bailarina.
Mas e a menina? A verdadeira dona da bailarina?
Não poderia ficar sem uma dançarina, bela, delicada na sua festa.
Então, era momento de fazer outra, tão bela, tão delicada, numa posição mais discreta, para encher de alegria a pequena menina.
Tentei poetizar a história da bailarina pra contar pra vocês como eu fiquei triste com o que aconteceu com a boneca. Talvez uma das peças que eu mais me dediquei pra fazer e que significava tanto pra mim.
Acompanhei o rastreamento junto coma cliente e pra nossa surpresa o carro dos Correios foi assaltado e levaram a bailarina embora.
Tenho vontade de chorar quando lembro disso.
Fizemos outra, ficou lindinha, mas eu queria que fosse aquela, nem que tivesse feito idêntica, jamais substituiria.
Essas coisas acontecem, faz parte. Graças a Deus a cliente foi muito compreensiva e no fim deu tudo certo, em 3 dias fiz esse modelo sentadinha e mandei pra que chegasse a tempo da festa.
Foi um ufa meio sufocado, mas o importante é que ninguém saiu 100% prejudicado.
Deus abençoe vocês
beijinhos da Tati
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